Quando jovem, a Touriga Nacional apresenta um aroma profundo e intenso que lembra o Cabernet Sauvignon jovem, ao ponto de mostrar fruta escura e doce com um frescor de folhas e notas de violetas. À medida que amadurece, como em um Porto, ganha uma nota rica de amoras vermelhas e negras, sem perder seu ataque de pimenta do reino e seu aroma de flores. Como vinho de mesa, demora para amaciar o seu tanino, a não ser que seja misturado com outros varietais, mas a fruta fica mais doce e rica com o tempo.
Originária do Dão, em Portugal, resulta em vinhos de cor intensa, com muita intensidade de taninos, muitas vezes com aroma floral na juventude. Costumava ocupar noventa por cento das vinhas até a chegada da filoxera (inseto que dizimou números superiores a 2/3 das vinhas européias entre 1860 e 1890). Mas como tantas outras regiões do vinho, o replantio pós-filoxera favoreceu variedades mais produtivas como a Baga.
A uva que é a casta estrela nos grandes vinhos fortificados do Porto, tem, com frequência cada vez maior, ganhado protagonismo em blends e aparecido em vinhos mono-varietais. Ainda que represente apenas sete por cento de área de vinha em Portugal, é o terceiro varietal mais plantado, perdendo apenas para Tinta Roriz (11%) e para Touriga Franca por 400ha, segundo dados de 2017 pela IVV (Instituto da Vinha e do Vinho).
Os baixos rendimentos são o problema – mesmo que a videira seja vigorosa e robusta, ela é propensa a coulure (um fenômeno natural da vinha que reduz a floração e frutos na planta) e pode produzir apenas 300g de uvas por planta, o que representa metade ou até menos do que as dos outros varietais nobres. Novos clones têm rendimentos muito melhores, o que proporcionou o aumento de sua área plantada nos últimos anos. Existem também centenas de mutações na Touriga Nacional, produzindo desde tintos densos, escuros e inebriantes em pequenas quantidades até grandes safras de suco pálido e insípido. Os melhores vinhos provêm de frutos minúsculos que são a fonte do seu sabor intenso e dos seus taninos poderosos.
Devido a qualidade de seus vinhos, outras regiões de Portugal têm investido em seus frutos e em menor escala a Austrália, África do Sul e Estados Unidos têm mostrado interesse na Touriga Nacional. No Brasil o varietal tem mostrado alguns bons resultados.
Texto originalmente publicado na Onivino
Texto elaborado a partir do original de: “Grapes & Wines: A comprehensive guide to varieties and flavours” por Oz Clarke e Margaret Rand
“Oxford Companion to Wine” por Jancis Robinson e Julia Harding
crédito para a foto – Touriga Nacional por: Doris Schneider, Julius Kühn-Institut / Institute for Grapevine Breeding Geilweilerhof, Alemanha